domingo, 25 de novembro de 2007

A rebeldia galopa por Latina América


Na coluna semanal de Luiz Fernando Veríssimo (22/11/07), um dos grandes escritores brasileiros, se pergunta por que tanta sanha contra o morto e idealista Ernesto Che Guevara. É acertada sua comparação com simbolização do filme Viva Zapata de Elia Kazan e John Steinbeck, onde no momento da emboscada seguida do assassinato de Emiliano Zapata, existe uma grande preocupação com o cavalo branco do revolucionário mexicano. "Matem o cavalo! Matem o cavalo!" diz um dos personagens aos soldados, não deve sobrar nada que lembre ou que sirva de inspiração para novas revoltas.

Mas Verissimo não consegue ver aquilo que a direita vê, não enxerga o medo que leva à tentativa de absorção e difamação destes símbolos da revolta latino-americana: "Não adianta, o capitalismo absorve tudo. O que só torna maior o mistério. Do que será que estão com medo?". Percebe a ação, no entanto não os motivos.

Tanto Ernesto Che Guevara como Emiliano Zapata (poderíamos citar muitos mais) são referências de luta e liberdade para todo o continente latino-americano. No caso de não poder soterrar seus exemplos baixo a terra do esquecimento, os poderosos não duvidam de ligar suas batedeiras ideológicas e históricas para distorcer ao máximo a entrega que aqueles homens fizeram pelos seus povos. Já seja a distorção ou o esquecimento, o objetivo é o mesmo: anular possíveis exemplos de resistência e combate para milhões de pessoas que sofrem as injustiças do sistema.

Para onde a direita olha e sente medo? Pergunta-se Verissimo sem saber a resposta. Nos milhões de jovens e não tão jovens espalhados pela Latina América com o rosto do Che estampado em suas camisetas, mas eles não estão em um shopping ou tomando sol na praia; estão presentes nas diferentes manifestações de seus países, discutindo nas mais variadas assembléias populares, nos incômodos e combativos piquetes nas estradas, abraçando as armas em guerrilhas na selva, gerando novas perspectivas para o futuro.
Quanto mais cresce o povo organizado mais cresce o medo dos poderosos. E deve-se estar sempre de olho, porque: "não existe coisa mais perigosa que fascista, que burguês assustado".

Hoje em dia basta ler o Estado de São Paulo o assistir o Jornal Nacional para apreciar o tratamento que fazem de Hugo Chávez, Evo Moraes e Rafael Correa. Foi a primeira vez que um aniversário da morte do Che Guevara é comemorado por três presidentes, excetuando Fidel Castro logicamente. Foram três presidentes, mas principalmente três movimentos que levaram estes homens ao governo, são eles os novos bichos papões da direita continental e imperial. A realidade latina mostra mais que presidentes eleitos e com retórica populista, uma grande base de movimentos sociais está organizada e preparada para largos anos de luta. Organizações que não voltaram para casa depois das eleições, senão que continuam suas atividades e também pressionam seus representantes para que as mudanças se façam (Bolívia é um claro exemplo). Em outros países como Chile, Argentina e o Brasil ainda estão longe dos países mencionados, mas contam com farta história de luta e organizações dispostas a brigar pela irmandade continental.

A morte e a difamação dos heróis populares dependem exclusivamente dos povos, de mais ninguém. Sem eles não existe história dos oprimidos, só haverá a história dos vencedores e suas mentiras. O caminho da igualdade e a liberdade foi traçado por eles, de nós depende a continuação da luta e a concretização de uma sociedade justa e soberana.

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